Marcela Cantuária desenvolve a pesquisa de Mátria Livre desde 2016, elaborando, por meio de um vocabulário plástico-formal, narrativas sobre como reencantar figuras femininas de luta contra o capital, contra o colonialismo e o patriarcado. A espinha dorsal da série consiste em reverenciar aquelas que construíram e disputaram espaços na política, lutando com teoria e prática. De acordo com a crítica e curadora Clarissa Diniz, “suas pinturas instituem imagens nas quais essas mulheres não são índice de uma batalha perdida, mas ícones de uma territorialidade liberta e matriarcal: historicidade pautada num porvir por elas já habitado na medida em que foram suas histórias que o constituíram e que permitiram com que chegasse até aqui na forma de um futuro em luta”. Tais proposições, por conseguinte, atuam tanto como uma afirmação da identidade de mulheres latino-americanas invisibilizadas pelas narrativas hegemônicas, quanto como uma contribuição para a fabulação de outros possíveis.