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Salão de Mulheres ou 1º Salão de Artes Latino Americana e Caribeño
Óleo acrílica e spray s/ tela
200 x 300cm
2022
Glossário
1. O 1° Salão Latino-americano y Caribeño de Artes / Salão das Mulheres (depois de Willem van Haetch) (2022) é um posicionamento crítico às representações geradas pelas referências espaciais e de orientação entre o eixo Norte-Sul e as tensões oriundas dessa relação. Tal representação transcende as leituras de mundo, e os pontos de vista, perpetuados através da história da arte, da geopolítica, e da literatura. Dando protagonismo às produções que marcam as percepções do entorno, por meio da produção e da ação de mulheres latinoamericanas. Dando visibilidade à óptica do sul, contrariando assim, a lógica eurocêntrica onde outrora o norte patriarcal era apresentado como referência universal. Marcela Cantuária apresenta assim, um novo vocábulo que problematiza e contrapõe a historiografia das exposições enfocada no protagonismo de mulheres artistas.
2. Lygia Clark (Belo Horizonte, Minas Gerais, 1920 – Rio de Janeiro, 1988) foi uma pintora e escultora que na década de 1950 volta-se para os desdobramentos da "linha orgânica", que aparece na junção entre dois planos, como a que fica entre a tela e a moldura. Entre 1957 e 1959, realizou composições em preto-e-branco, formadas por placas de madeira justapostas, recobertas com tinta industrial aplicada a pistola. É uma das fundadoras do Grupo Neoconcreto. E gradualmente foi migrando da pintura para experiência com objetos tridimensionais, propondo a desmistificação da arte, do artista e a desalienação do espectador, que compartilharia então a criação da obra.
3. Gracia Barrios (Santiago, Chile, 1926 – 2020) foi uma pintora chilena, sua obra centra-se na vida cotidiana. Embora no início tenha optado pela pintura figurativa, nos anos 1960 mudou para um estilo mais informal, chamado pela própria artista de "realismo informal". Além de usar tinta a óleo e acrílica, a artista experimenta elementos naturais, como terra e argila, para dar maior densidade às suas obras.
4. Maria Martins (Campanha, Minas Gerais, 1894 – Rio de Janeiro, 1973) foi uma importante artista domodernismo brasileiro e do panorama do surrealismo internacional. Martins desenvolveu esculturas em bronze, desenhos e gravuras que representam figuras femininas híbridas, assim como mitologias indígenas amazônicas, afro-brasileiras e da antiguidade clássica. Na obra O impossível (década de 1940), a artista apresenta o momento de complementaridade entre a figura masculina e a feminina, em uma relação marcada pela impossibilidade de síntese e caracterizada por desejo e repulsa.
5. Sonia Gutiérrez (Cúcuta, Colômbia, 1947) é uma pintora e gravadora colombiana. Seu trabalho é conhecido por se concentrar em questões e eventos que ocorreram em seu país, particularmente em resposta ao clima político da década de 1970. Sua obra foi influenciada pela Pop Art e se concentra nas lutas políticas da Colômbia, como visto em Y con unos lazos me izaron (1977), há uma mulher sem rosto em um vestido roxo, pendurada de cabeça para baixo e amarrada por corda nos tornozelos e pulso. Pintura baseada no caso da Dra. Olga López, que, junto com sua filha de cinco anos, foi injustamente presa e torturada por policiais colombianos por dois anos.
6. Frida Kahlo (Coyoacán, México, 1907 – 1954) foi uma pintora conhecida por seus muitos retratos, autorretratos e obras inspiradas na natureza e artefatos do México. Inspirada na cultura popular do país, ela emprega um estilo de arte popular ingênuo para explorar questões de identidade, pós-colonialismo, gênero, classe e raça na sociedade mexicana. O cervo ferido também é conhecido como ‘El Venadito’ e foi pintado quando enfrentava sérios problemas de saúde. Kahlo combina símbolos da América pré-colombiana, símbolos cristãos e símbolos budistas para expressar o amplo espectro de suas influências e crenças. Frida tinha como animal de estimação o veado “Granizo”, que foi modelo para este autorretrato.
7. Maria Auxiliadora (Campo Belo, 1935 – São Paulo, 1974), descendente de escravizados, foi uma combativa artista brasileira que desafiou as categorizações do sistema de arte e elaborou uma técnica singular que se tornou sua assinatura: através de uma mistura de tinta a óleo, massa plástica e mechas do seu cabelo, Auxiliadora construía relevos na tela. Na obra Autorretrato com anjos (1972), a artista surge no processo de pintura, reforçando sua posição enquanto artista ao lado de quatro anjos – um deles carrega a sua tinta, marcando o instante da metalinguagem em sua composição.
8. Retrato de Maria Auxiliadora.
9. Djanira da Motta e Silva (Avaré, São Paulo, 1914 – Rio de Janeiro, 1979), artista autodidata e de origem trabalhadora, elaborou uma visualidade voltada à dinâmica social que a circundava, enfatizando questões como a vida cotidiana, as paisagens e a cultura popular brasileira. Na obra Onírico (1950), Djanira evidencia sua linguagem pictórica moderna – muitas vezes relegada à margem da história da arte brasileira – ao representar uma dimensão fabulativa por meio de uma complexa composição.
10. June Beer (Bluefields, Nicarágua, 1935 – 1986) foi uma artista afro-nicaraguense, que conquistou reconhecimento nacional e internacional por seus trabalhos retratando temas africanos e feministas. Ela também foi a primeira poetisa da costa atlântica da Nicarágua e produziu obras em crioulo da costa de Miskito, inglês e espanhol. O governo da Nicarágua protegeu quatro pinturas suas, declarando-as patrimônio nacional. Os temas de Beer são de pessoas negras e comentários feministas e, na época em que foram pintados, eram únicos nesses temas.
11. Cecilia Vicuña (Santiago, Chile, 1948) é uma artista, poeta e ativista que aborda questões inerentes à falência do projeto de modernidade, tais como a destruição ambiental, os direitos humanos e a homogeneização cultural. Na obra Karl Marx (1972), a artista apresenta uma pintura que retrata o revolucionário alemão em uma construção imagética inspirada em artistas indígenas do século XVI da América Latina que, quando contratados pela Igreja Católica após a invasão espanhola, abdicaram dos dogmas estilísticos vigentes na então metrópole para elaborar obras secretamente anticoloniais.
12. Leonora Carrington (Lancashire, Inglaterra, 1917 – Cidade do México, México, 2011) foi uma pintora, escultora e escritora surrealista. Produziu obras que misturam autobiografia e ficção, cotidiano e magia. Suas obras são povoadas por seres fantásticos, muitas vezes animais intermediários que nos remetem à mitologia celta, ao hermetismo, à cabala e à literatura fantástica. Na Paris dos anos 1930, juntou-se ao grupo surrealista de André Bretón e conviveu com artistas como Salvador Dalí, Joan Miró, Man Ray, Pablo Picasso, Lee Miller e Luis Buñuel.
13. Aline Motta (Niterói, Rio de Janeiro, 1974) aborda conceitos do arquivo e da memória no fluxo afro-atlântico, elaborando assim uma prática artística que apresenta outros modos de existência e se conforma nas espirais do tempo. Em Pontes sobre Abismos (2017), a artista parte da história de sua família, empreendendo uma pesquisa arquivística para desenvolver uma contra-narrativa acerca do arsenal da racialidade e da violência inerente à formação da sociedade brasileira.
14. Claudia Andujar (Neuchâtel, Suíça, 1931) é uma fotógrafa e ativista suíça, naturalizada brasileira. Dedica-se à fotografia e trabalha para publicações nacionais e internacionais. Em 1971, após uma edição especial da revista Realidade ela abandona São Paulo e o fotojornalismo, indo viver entre Roraima e
Amazonas em tempo integral, época em que ela realiza o retrato da jovem Susi Korihana thëri tomando banho em um igarapé. As tradições e o modo de vida dos ianomâmis têm sido, desde então, o tema central de sua atividade.
15. Mercedes Sosa (San Miguel de Tucumán, Argentina, 1935 — Buenos Aires, Argentina, 2009) foi uma cantora de música folclórica, considerada a maior expoente do folclore argentino. Ela era conhecida como a voz da América Latina, tornando-se uma das representantes do movimento conhecido como Nueva Canción. Em sua juventude foi simpatizante de Juan Domingo Perón e apoiou as causas da esquerda política ao longo de sua vida, ingressando no Partido Comunista nos anos 1960.
16. Belkis Ayón (Havana, Cuba, 1967 – 1999) foi uma artista, curadora e professora que desenvolveu uma pesquisa plástico-visual estruturada por elementos da sociedade secreta afrocubana Abakuá, utilizando como principal linguagem a colografia – técnica de gravura em que a matriz de impressão resulta da colagem de materiais diversos sobre um suporte rígido. Na obra Mokongo (1991), Ayón encarna Sikán, sustentando em suas mãos o grande Segredo que ocasionou a morte da entidade e, por conseguinte, permitindo que a situação mítica constantemente reencenada nos rituais torne-se humana e contemporânea.
17. Rosa Holanda (Los Angeles, Estados Unidos, 1895 – Cidade do México, México, 1970) foi uma dançarina, coreógrafa, figurinista, fotógrafa, pintora e colecionadora que viveu grande parte de sua vida no México. Niña de la Muñeca (1943) é elaborada a partir de uma fotografia capturada em sua casa em Tizapán, sentada em frente ao cavalete e cercada pela sua grande coleção de esculturas pré-hispânicas junto com exemplos da arte popular. Esta pintura também é uma homenagem a Frida Kahlo, que era sua grande amiga, já que as sobrancelhas da boneca vestida de tehuana remetem ao formato icônico de Kahlo.
18. Teresinha Soares (Araxá, Minas Gerais, 1927) é uma artista plástica brasileira, conhecida principalmente pelo seu pioneirismo com obras de cunho erótico, psicodélico e o direito das mulheres produzidas durante os anos 1960 e 1970. Relacionando-se com movimentos artísticos do período, como a arte pop, o nouveau réalisme e a nova objetividade brasileira.
19. Raquel Trindade (Recife, Pernambuco, 1936 – Embu das Artes, São Paulo, 2018) é uma representante fundamental da cultura brasileira: ativista contra o racismo, defensora do teatro e da cultura popular, artista visual, coreógrafa, escritora, ensaísta e griot – guardiã dos ensinamentos da diáspora afro-brasileira. Trindade, por meio de uma paleta vibrante, desenvolveu um vocabulário plástico-visual acerca da vida cotidiana e de aspectos da cultura popular brasileira, tais como a religiosidade presente na obra Nanan e Ossanha (2010).
20. Maria Emília de Campos (Brasil, ativa na segunda metade do século XIX) fez parte da primeira geração de alunas regulares da Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Na obra Soldado do 1° Batalhão de Infantaria do Exército (1895), Campos elabora uma composição pictórica singular, promovendo um pequeno desvio no modo de construção geralmente dedicada aos militares: seu personagem aparece em um momento de descanso e com um semblante reflexivo; enquanto uma estrela de cinco pontas tatuada em sua mão direita configura o centro da imagem.
21. Firelei Báez (Santiago de los Caballeros, República Dominicana, 1981) desenvolve uma prática artística que abarca questões como identidade, raça e diáspora, fazendo uso de referências visuais históricas para elaborar narrativas contra-hegemônicas. Na obra Palmas for Martí (Novias que non esperan), de 2016, Báez apropria-se da citação do revolucionário cubano José Martí para subvertê-la, apresentando um ser com formas híbridas que caminha rumo à construção de sua própria história.
22. María Izquierdo (Jalisco, México, 1902 – Cidade do México, México, 1955) foi uma pintora mexicana, e uma das primeiras mulheres a expor suas obras fora do México, em 1930. Entre 1943 e 1946 dedicou várias obras a altares de a Virgem, todos com uma composição diferente. No século XIII, a fundação dos Servos de Maria espalhou o culto de La Dolorosa por toda a Europa e no século XVI passou a ser uma importante imagem de devoção nas colônias latino americanas. A pintura de Izquierdo é caracterizada pelo uso de cores intensas e temas que incluem autorretratos, paisagens, natureza, cenas do mundo do circo e tradições mexicanas, representadas em estilo surrealista e expressionista.
23. Beatriz González (Bucaramanga, Colômbia, 1938) é uma artista colombiana. Seu trabalho expresso através do desenho, grafismo e escultura trata de questões relacionadas ao ambiente histórico e cultural colombiano. Baseada em muitos casos no trabalho fotográfico de fotojornalistas, também se interessou pela representação dos ícones da cultura popular, passando pelos ídolos esportivos, políticos, líderes religiosos e representações de culturas aborígenes e arte pré-colombiana. Los suicidas del Sisga (1965) é uma das primeiras pinturas colombianas baseadas na livre experimentação técnica e temática, rompendo com a tradição, superando rapidamente a influência do muralismo mexicano e do expressionismo alemão do início
do século XX.
24. Miriam Inez da Silva (Trindade, Goiás, 1937 – Rio de Janeiro, 1996) foi uma artista transgressora que desenvolveu uma linguagem caracterizada por um intrincado equilíbrio entre o prosaico e o extraordinário. Na obra Dama de Espada (1970), Miriam evidencia a autonomia de sua espiritualidade por meio da representação da carta de tarot. A moldura do naipe circunscreve o olhar direcionado à protagonista, que apresenta a maquiagem singular dos personagens elaborados pela artista.
25. Margarita Azurdia (Antigua, Guatemala, 1931 – Cidade da Guatemala, Guatemala, 1998) foi umafeminista, escultora, pintora, poetisa, pensadora e artista performática guatemalteca. A partir da década de 1980, ela iniciou sua militância em defesa dos direitos dos animais e ministrou oficinas sobre as origens da dança sagrada e continuou a escrever poesias. El cocodrilo verde, da série Homenaje a Guatemala (1970 - 1974) faz parte de uma série iniciada na década de 1970. O título original da série, Homenaje a Guatemala, foi substituído por El santoral del Popol Vuh, em referência ao conhecido livro que compila as narrativas míticas, lendárias e históricas do povo maia K'iche.
26. Myrlande Constant (Porto Príncipe, Haiti, 1968) desenvolve uma pesquisa acerca de mitologias do vodu haitiano, adicionando novas narrativas e personagens. Em um processo de atualização das bandeiras, historicamente conhecidas por sua função cerimonial, Constant apresenta um vocabulário complexo. Na obra Vodou Flag for the Marasa Guinin (Drapo Vodou), realizada entre 1993 e 1997, a artista captura a essência imaterial e espiritual do Vodu no mundo físico por meio das várias camadas formais e conceituais presentes.
27. Tessa Mars (Porto Príncipe, Haiti, 1985) elabora uma prática centrada na ruptura de narrativas hegemônicas, assumindo a produção imagética como estratégia de sobrevivência, resistência, empoderamento e cura. Na obra Rèv libète, rèv lanmò I, da série Dream of Freedom, Dream of Death (2016), Mars apresenta histórias marginais, agregando também referências pessoais por meio de seu alter ego, Tessalines, uma figura híbrida inspirada no líder da revolução haitiana, Jean-Jacques Dessalines.
28. Wanda Pimentel (Rio de Janeiro, 1943 – 2019) foi uma pintora, desenhista e escultora brasileira. Ficou conhecida especialmente por suas obras que elaboradas a partir de linhas geométricas e superfícies lisas em peças que muitas vezes mostravam espaços domésticos e objetos do cotidiano em cores vivas, em alinhamento estilístico com a nova figuração brasileira. Na série Montanhas do Rio (década de 1990), o artista voltou-se para a paisagem, visível através de uma janela.
29. A pintora Ingeborg ten Haeff (Düsseldorf, Alemanha, 1915 – Nova Iorque, Estados Unidos, 2011) possui uma biografia marcada por acusações de homossexualidade e vínculo com o nazismo, ambas negadas veemente por ela até o final de sua vida. Na obra To a different drum (1965), Haeff apresenta duas das principais características de sua linguagem plástico-visual: a tensão entre a abstração e o figurativo e a criação de um espaço assimétrico.
30. Petrona Vieira (Montevidéu, Uruguai, 1895 – 1960) foi uma pintora uruguaia reconhecida por ser uma das primeiras mulheres a ter destaque no cenário das artes plásticas uruguaias. Ela participou do movimento planista, caracterizado pela destruição da tridimensionalidade, recorrendo assim a imagens bidimensionais localizadas em planos sobrepostos ou caracterizados por um tratamento plano das cores, uma paleta de luz dominada mais por nuances do que por cores primárias, e uma perspectiva lateral, que faz com que os motivos pareçam estar praticamente no mesmo plano.
31. Remedios Varo (Anglés, Espanha, 1908 – Cidade do México, México, 1963) foi uma pintora espanhola surrealista e anarquista. Ela foi uma das primeiras mulheres a estudar na Real Academia de Belas Artes de San Fernando, em Madri. Em 1937, viajou para Paris com o poeta surrealista francês Benjamin Péret e em 1941, com a chegada dos nazistas à capital francesa, exilou-se no México. Sua obra evoca um universo imaginário onde se misturam ciência e magia. Figuras humanas estilizadas aparecem frequentemente em sua obra realizando tarefas simbólicas, nas quais há elementos oníricos e também arquetípicos.
32. Délia Cancela (Buenos Aires, Argentina, 1940) desenvolve uma pesquisa a partir da incorporação de imagens da cultura visual de massa, fazendo parte da cena pop art de Buenos Aires. Em 1964 participou da exposição 'Seis artistas en Lirolay: Sexteto' na Galería Lirolay, um centro chave para a vanguarda artística argentina da década de 1960, onde apresentou uma instalação com quadros de grande formatos, com flores, nuvens e astronautas, propondo ao visitante o uso de uma viseira de plástico que deformavam a visão mediante a um filtro de cores.
33. Teresa Burga (Iquitos, Peru, 1935 – Lima, Peru, 2021) foi uma artista fundamental do conceitualismo latino-americano, cuja prática caracteriza-se por uma abordagem analítica que busca questionar os papéis tradicionais de gênero. Seu escrutínio do regime do olhar masculino e da vida doméstica torna-se evidente em obras como Untitled (1967), na qual Burga apresenta a silhueta de um corpo feminino que desvanece em meio aos lençóis e ao travesseiro.
34. Marta Minujín (Buenos Aires, Argentina, 1941) desenvolve uma produção de vanguarda caracterizada por uma constante redefinição das categorias artísticas e voltada para alguns eixos, tais como a participação dos públicos, a alteração da percepção e a criação de uma arte popular. Na obra Colchón (Eróticos en Technicolor), de 1964–1985, Minujín apresenta diferentes volumes macios e orgânicos que se entrelaçam e se interpenetram, reafirmando assim a liberdade do corpo e do espírito por meio de uma paleta vibrante.
35. Adriana Varejão (Rio de Janeiro, 1967) desenvolve uma linguagem plástico-visual caracterizada por um ethos barroco e que encontra no corpo, revelado enquanto pele e carne da pintura, o elemento central para tecer múltiplas narrativas. Na obra Mapa de Lopo Homem II (2004), a artista apropria-se de uma cartografia portuguesa de 1519, fazendo uso de um aparato colonial para evidenciar a violência que perpassa o projeto de colonialidade. Assim, Varejão apresenta seu corpus pictórico como corpo do mundo.
36. A Marcha do Silêncio, realizada pelas mulheres todos os anos no dia 20 de maio no Uruguai e em outras partes do mundo desde 1996, tem como objetivo combater o esquecimento das violações massivas aos direitos humanos durante a última ditadura cívico-militar uruguaia (1973 – 1985) e exigir justiça. Cerca de 230 pessoas sequestradas durante a ditadura – principalmente no Uruguai e na Argentina, mas também no Chile, Paraguai, Bolívia e Colômbia – continuam desaparecidas.
37. Violeta Parra (San Carlos, Chile, 1917 – Santiago, Chile, 1967) foi uma cantora, compositora e artista plástica. Foi uma das importantes pesquisadoras de ritmos, danças e canções populares chilenas, chegando a catalogar cerca de 3 mil canções tradicionais. Em 1964, foi realizada uma exposição de suas
pinturas, óleos, arpilleras e esculturas em arame no Pavillon de Marsan do Louvre em Paris, tendo sido a primeira artista latino-americana a ter uma exposição individual nesse espaço.
38. Marcela Cantuária (Rio de Janeiro, 1991) desenvolve um universo encantado por meio de uma pesquisa que entrelaça imagens históricas oriundas do universo da política a representações da cultura visual contemporânea. Na obra Filhas do Vulcão - Mamá Dolores y Mamá Tránsito (2019), parte da série Mátria Livre, Cantuária apresenta Dolores Cacuango e Tránsito Amaguaña, importantes figuras na luta pelo direito da mulher e do direito à terra que fundaram a Federação Equatoriana de Índios, organizando em paralelo o Partido Socialista Equatoriano, na luta pela implementação de um sistema cooperativista no campo.
Pesquisa elaborada por Aldones Nino e Andressa Rocha.